BPM é um termo que indica e mensura uma velocidade rítmica e, na música, ganha o significado de “batidas por minuto”. Tal medição também é usada para marcar a pulsação do coração humano. O conceito é bastante popular no universo da música eletrônica e no pop, visto que o BPM é um dos fatores que contribuem para a diferenciação de gêneros e de vertentes.
Contudo, isso não é regra, uma vez que existem estilos que possuem uma grande variação de BPM em suas tracks, como o techno, que pode transitar de 110~180 bpms. Diferentes vertentes, por exemplo, podem possuir músicas com o mesmo BPM, tais como certos subgêneros do techno e do trance, ou do techno e do house. Porém, de uma forma geral, as batidas por minuto possuem o papel de trazer identidade para as músicas e de ajudar a reconhecer em quais gêneros e subgêneros elas melhor se encaixam.
No Brasil, existe uma grande discussão acerca do termo BPM no âmbito da música eletrônica. Além das divisões de gêneros e vertentes, uma nova nomenclatura surgiu para separar tudo aquilo que era considerado “acelerado” daquilo que era “desacelerado”: o High e o Low BPM. Entretanto, muitas contradições existem na criação desses termos, uma vez que o que é considerado “Low BPM”, no cenário brasileiro, grosso modo, é tudo aquilo que está fora do universo do Psytrance.
Vários estilos, como o Drum ‘n’ Bass, por exemplo, possuem tracks que podem chegar a 170~190 bpms, o que torna tudo muito relativo. Músicas de 128 bpms, consideradas como “low” para muitas pessoas, podem ser bastante aceleradas para gêneros que possuem como referência os 70~90 bpms. Dessa forma, essa mesma track, se comparada com outras de 138~145 bpms, pode ser vista como uma música lenta. Portanto, o BPM não é a única, mas uma das ferramentas utilizadas para ajudar a definir e a compreender um estilo e suas vertentes.
Sendo assim, o conceito de “Low BPM”, comumente difundido na cena local, está diretamente ligado aos gêneros que geralmente são tocados nos clubs, ou no warmup e no encerramento de festivais de Psytrance, tais como o tech house, , o brazilian bass, o melodic techno, o deep house, o bass house, dentre vários outros. Esse significado não abrange todas as vertentes existentes na música eletrônica e não ajuda a definir o que de fato é lento ou acelerado.
O BPM, por sua vez, se faz primordial e importante no âmbito da mixagem. Os DJs utilizam esse recurso para conseguirem transitar de uma música para outra, e, para tanto, as músicas precisam ter suas batidas sincronizadas ou pelo menos aproximadas. No momento de criação, os produtores musicais definem o BPM baseados no que querem transmitir, no estilo que estão produzindo e, muitas vezes, pensando em como ou em quais tracks irão se encaixar com a sua para que uma história seja contada durante uma apresentação.
Para ilustrar a importância do BPM na prática, trouxemos alguns exemplos genuínos de alguns dos estilos mais conhecidos pelo grande público e de como é feita sua divisão:
Dubmatix: Champion Sound
O Dub é considerado um dos estilos mais “lentos” de música eletrônica, podendo variar de 60~100 bpm. “Dubmatix – Champion Sound” possui 94 bpms e exemplifica bastante a estrutura e a proposta dessa vertente.
Monolink: Falling
Monolink é um artista que transita facilmente do house para o techno e muitas de suas músicas são definidas como Melodic House e Techno e estão na faixa dos 116~122 bpms. O último lançamento do artista, a track “Falling”, por sua vez, possui 111 bpms, e foi definida como Organic House / Downtempo.
Blaze: Lovelee Dae
Representando o House, que normalmente possui uma variação de 115~130 bpms, “Blaze – Lovelee Dae” é uma track com mais de duas décadas, considerada uma das maiores referências da House Music e possui 124 bpms.
Stephan Bodzin: Singularity
Stephan Bodzin é um dos maiores artistas de Melodic Techno do mundo. Conhecido por suas performances extremamente energéticas e por seus timbres únicos, a track “Singularity” é um dos maiores hits do techno e tem 121 bpms. O techno, por sua vez, é um estilo que possui muitos subgêneros, podendo variar de 110~180 bpms, do Melodic ao Hard Techno.
Protonica e Ticon: Departure
A track que apresentamos a seguir é da dupla Alemã “Protonica” em colaboração com a dupla Sueca “Ticon” e se chama “Departure”. Possui 139 bpms e é considerada um Progressive Trance. O prog, como é carinhosamente conhecido, pode variar de 135~150 bpms e é uma vertente do Psytrance, um gênero extremamente vasto que possui, normalmente, batidas mais aceleradas e elementos psicodélicos.
GMS, Dickster e Legohead: Dala
Um estilo muito conhecido e tocado nas raves é o Full On, outro dos muitos braços existentes no Psytrance. O estilo geralmente é construído entre 140~150 bpms, e possui uma variedade psicodélica marcante. A track “Dala” é uma colaboração dos lendários projetos “GMS”, “Dickster” e “Legohead” e foi lançada pelo Nano Records.
Metrik feat. Grafix: Parallel
O Drum ‘n’ Bass é um estilo pouco difundido em terras tupiniquins. Contudo, é considerado um dos mais relevantes para a história da música eletrônica. Geralmente produzido em torno de 174 bpms, o gênero pode variar de 160~190 bpms e é tido como um dos mais acelerados da e-music.
A música eletrônica é um mundo muito extenso e seria praticamente impossível contemplar todos os gêneros existentes nesse cosmo. Porém, ao ilustrarmos como o BPM possui influência na definição dos gêneros e, principalmente, dos subgêneros, conseguimos ter uma noção de sua importância nesse sistema.
Para ajudar a exemplificar a diferença de BPMs, a iZotope mensurou a variação de 85~174 bpms de um Drum ‘n’ Bass e publicou em seu SoundCloud. Veja se você consegue sentir a diferença:
Reparem na importância do ritmo e em como o estilo parece mudar quando o BPM abaixa no exemplo a seguir:
É fato que, embora não seja verdade que todas as tracks de um estilo possuam o mesmo BPM, as batidas por minuto costumam, na maioria das vezes, servir como um norte que fazem com que os produtores geralmente sigam por esses caminhos, e ajudam a compreender os estilos que existem nesse universo.
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