Dono de um som único e marcante, Nuzb é um DJ e produtor do interior de Minas Gerais que saiu de Várzea da Palma para chamar atenção de várias pessoas ao redor do mundo. Atualmente Nuzb entrou para a gravadora do Martin Garrix, a STMPD Records, e recentemente lançou pela Armada Music, gravadora do Armin van Buuren, um dos maiores DJs de Trance da história. Nuzb ainda é considerado pela Tomorrowland uma promessa para 2021, entrando para a disputada lista do “20 of 2021”, onde DJs são escolhidos a dedo pelo maior festival do mundo.
CONFIRA AGORA A ENTREVISTA DE NUZB:
Nuzb, primeiramente obrigado por nos receber, e eu queria que você começasse contando pra gente quem é o Nuzb, como foi o início de sua carreira de DJ e Produtor?
“O Nuzb começou em 2015, eu era baterista de uma banda que tocava bastante na região de Montes Claros, se chamava banda ‘Maracutaia’. A banda se dissolveu, e na época eu estava produzindo de novo, eu era ‘beat maker’ quando eu tinha 15 ou 16 anos e retornei a produzir algumas coisas. Quando abri meu Soundcloud, tinha um remix que eu tinha feito em 2011 com mais de 600 mil plays, e eu me perguntei ‘Por que não estou trabalhando com isso ainda? ’. Como minha banda estava acabando, eu resolvi pular fora e criar uma nova história, e ser DJ meio que caiu no meu colo, uma vez eu vi o Tropkillaz produzindo festival trap e EDM, e eu queria produzir Trap, que sempre foi a minha maior influência.
Na época tinha um MC amigo meu que me chamava de ‘Chicó Nus Beat’, e eu precisava de um nome mais curto para o projeto, que acabou virando Nuzb.”
Quais DJs e outros artistas te influenciaram para construir a sua identidade?
“Acho que o Flume, o RL Grime… Na época do Future Bass eu gostava muito do Slushi, Marshmello… E em 2016 eu passei a ter outras influências além do Future Bass, eu saí dessa onda e passei a escutar muito Bass House, comecei a escutar muito o Rrotik, um produtor daqui e de Belo Horizonte que antigamente era do duo Dirtyloud, que me influenciou muito por conta da sua sonoridade. Quando eu comecei a escutar House, tive outras influências como Chris Lake e Tony Romera. ”
Aproveitando que você falou do Future Bass, a STMPD Records e o próprio Martin Garrix gostam muito de músicas com um bass marcante. Você acha essa foi a porta de entrada para ganhar esse destaque?
“Cara, sinceramente essa é uma pergunta que nem eu sei responder. Acho que são uma série de fatores que me fizeram lançar lá (STMPD) com frequência, que me deram a oportunidade de lançar em uma gravadora que hoje é top 3 no mundo. Muito doido isso por que isso veio do nada! Na verdade, ‘do nada’ não, pois eu venho trabalhando meu som há muito tempo e em 2020 resolvi pegar tudo o que eu já tinha produzido para criar a minha parada, que é só minha, é única e vou para cima com isso! Era o meu desejo de vida criar uma parada que me resumisse como artista e produtor. E eu acho que o fator principal para eu ter encaixado não foram as minhas influências de future bass, eu acho que é o conceito do ‘Retrofuture”, acho que é eu ter criado uma atmosfera em torno no som, e não somente o som. Os timbres também lembram bastante (Future Bass), os cords desafinando, bem future… Então eu acho que aos ouvidos do Martin Garrix e de toda a equipe da STMPD isso deve ter soado diferente para eles, ‘pô o cara buscou uma parada do future bass e trouxe para o house’, tem um pouco de tech house, de bass house e de várias coisas que me influenciaram ao longo da minha carreira. ”
No seu novo EP “Retrofuture” você consegue fazer uma mistura de gêneros como vc mesmo disse. Como foi o processo de criação do “Retrofuture”?
“Eu estava voltando do Universo Paralello, em 2019 eu tive a oportunidade de tocar no palco Tortuga e foi uma experiência muito doida, pois sou um artista que veio do interior e não tenho uma experiência muita grande em ter tocado em várias pistas. Pouquíssimas vezes na minha carreira eu toquei para pessoas que realmente gostam de música eletrônica, toquei em alguns festivais onde as pessoas realmente gostam, mas são exceções. Quando eu toquei no Universo Paralello eu pude sentir quais músicas as pessoas gostavam mais e quais as vezes não funcionavam tanto quanto eu esperava. Depois disso eu voltei com a ideia de dar um reset no projeto e refazer tudo, respeito demais a minha história de 2020 para trás, já toquei no Planeta Brasil, na Flowers, já toquei em lugares legais, mas eu precisava renovar e dar um passo além, e me transformar no artista que eu queria ser. Então voltando de Salvador eu já estava anotando umas paradas e vou fazer algo novo e sai produzindo igual um louco, testei várias coisas até sair a ideia da ‘So Fresh’.
Você entrou para o para o “20 of 2021” da Tomorrowland, sendo considerado um grande nome em emergência e para se acompanhar. Um suporte difícil de se conseguir, como você recebeu essa notícia?
“Foi uma coisa assim ‘totalmente nada haver’! Eu estava com meus amigos e do nada chegou uma mensagem da Tomorrowland sobre um possível set para o ‘One World’! Eu respondi na hora, não me falaram me falaram nada sobre o ‘20 of 2021’, apenas me pediram o meu e-mail. De repente chegou um e-mail para mim falando sobre o ’20 of 2021’, e eu falei ‘que isso! ’ . Fui correndo falar com o Marquinho, eu moro com o Marcus do Dirtyloud, e ele falou ‘mano, você tem noção!?’, ninguém acreditava, a ficha não caía mesmo! Foi algo totalmente surpreendente, eu fiquei muito feliz pois realmente é muito difícil você chamar a atenção sendo um artista pequeno, eu me considero um artista pequeno, um artista up coming, estou traçando uma trajetória, então para mim foi maravilhoso! Veio tudo junto, veio o meu EP, veio essa sequência na STMPD e depois a Tomorrowland, uma parada gigantesca! ”
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Quais os planos do Nuzb para esse ano? Será que teremos mais lives ou a expectativa é de voltar aos palcos?
“Estou bastante ansioso para voltar a tocar! Eu estou criando meus sons no escuro, não tenho esse feeling da pista para me auxiliar e ver qual caminho andar em tal track. Ainda não tenho planos e não tenho perspectiva de volta, pois sabemos como está a situação no Brasil, sabemos que é uma situação bem delicada, e por isso estou sem uma previsão de volta, mas bastante animado para o que vem! Quero tocar em alguns festivais legais pelo Brasil, quero fazer um trabalho bem feito para ser reconhecido dessa forma! ”
Belo Horizonte não tem um público fiel a bass music, mas mesmo assim você conseguiu erguer sua carreira aqui. Você encontrou alguma dificuldade com relação à sua música em BH?
“Eu sempre fui conhecido por ter um som diferente, o bass está totalmente ligado a minha vida e a minha escola música. Belo Horizonte é uma cidade fantasística, cheguei aqui em 2018 e fui muito bem recebido pela cidade, pelos fãs, tenho inclusive aqui um fã, o Ramos, que chegou a ir em 9 shows seguidos do Nuzb! O cara estava em todas as festas no front com a bandeira do Nuzb! Fui muito bem recebido na cidade, principalmente pelos DJs, alguns DJs já tocaram em Montes Claros, já tínhamos um relacionamento legal. Dentro de poucos meses eu já estava dentro do Planeta Brasil, já estava na Flowers, então eu não encontrei resistência aqui para fazer meu trabalho. Acredito que as coisas vão evoluindo, em 2018 e 2019 eu não tinha a maturidade que tenho hoje, o meu som não era 100% certo, eu estava em um processo de evolução, e quanto a Belo Horizonte não posso reclamar, gosto demais daqui e não pretendo sair daqui tão cedo! ”
Com seu som “fora da curva”, você acha que a sua música pode agregar mais diversidade na cena eletrônica Mineira ou até mesmo do Brasil?
“Isso é uma coisa que eu torço muito! Torço muito que esse som chame novos produtores, que novos produtores aderem a esse som e a essa ideia. Acho que é um som que tem potencial, tem espaço aí pra todo mundo. Vimos a ascensão do ‘Desande’, que tem uma turma bem legal, que segue sua identidade, que trabalha em prol da parada, e futuramente eu espero que o ‘Retrofuture’ também seja isso, uma comunidade de produtores, uma comunidade de life style da galera comprar a ideia da parada e seguirmos juntos. ”