26/07/2021

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Entrevista Max Grillo: Uma das Figuras Mais Experientes da Cena Mineira!

Max Grillo, desde os anos 90, acompanha a evolução e as experimentações sonoras entre o break beat, o drum and bass, o trance e o techno. Apaixonado por música eletrônica, no fim dos anos 90, sua paixão tornou-se sua profissão e Max entrou de vez no ramo da produção de eventos. O artista já realizou inúmeras festas e foi, aos poucos, inserindo-se de forma ativa no universo da música eletrônica.  

Com passagens por países da Ásia, da Europa, da Oceania e da América Latina, o DJ possui a experiência de mais de duas décadas de pista, que foi de extrema importância para o seu olhar diferenciado em descobrir novos talentos. O produtor acompanhou o início da carreira e deu suporte para os primeiros passos de artistas como AlokDevochka Ruback (hoje, Dubdogz). A bagagem, aliada ao seu rico conhecimento musical e às suas produções, fazem Max apresentar às pistas uma experiência totalmente diferente do que estamos acostumados.  

Max Augusto Mendes é o nome por trás dos projetos Max Grillo e Bad Boss. O artista conversou com o Portal B2B e nos contou um pouco sobre como conheceu a música eletrônica, sua trajetória, seus empreendimentos e nos passou um pouco dos seus conhecimentos nesse universo. Conheça agora um pouco mais sobre uma das pessoas que fizeram a cena acontecer e ser o que é hoje em Belo Horizonte. Com vocês, Max Grillo:  

Portal B2B: Fala Max, beleza? Pra começar, conta um pouco sobre como foi o seu primeiro contato com a música eletrônica. 

Max: Opa, tudo bem e aí? Então, tudo começou na época de escola, nos anos 90, eu e meus amigos curtíamos muito organizar algumas festas. Um desses amigos, uma vez, trouxe uma fita de Jungle Music e, a partir daí, a gente começou a ouvir bastante e a pesquisar sobre música eletrônica. Além disso, nessa mesma época, a minha irmã mais velha trabalhava como modelo e, na passarela, tocava muita música eletrônica. Através dela, que sempre trazia pra casa muitos CDs, eu conheci artistas como The Chemical Brothers, The Prodigy e vários outros.  

Portal B2B: Como era a cena de música eletrônica em Belo Horizonte nessa época? 

Max: A cena eletrônica em BH na década de 90 era gato pingado. Tinham poucos produtores e poucas festas começando a surgir nesse período. Nessa época, foi quando começamos a frequentar matinês, tinham boates como a Trash, a Apoteóse, a Arena e algumas outras. Uma dessas, especificamente, era a Scape. Eu nunca vi uma estrutura como aquela em Belo Horizonte desde então, e isso tudo na década de 90. Lá eu vi pela primeira vez Anderson Noise, que foi e é uma das pessoas mais importantes para a cena eletrônica na cidade.  

Portal B2B: E como eram as festas nessa época? 

Max: Estava começando a surgir algumas raves em Belo Horizonte, mas, diferente do conceito que a gente tem hoje, rave era basicamente toda festa de música eletrônica de longa duração, que geralmente acontecia em lugares inusitados, independente da vertente. Uma das primeiras e maiores festas nesse sentido em BH era a “Hype”, do Marcelo Marent. O Anderson Noise, por sua vez, com as “Rave Noise”, já realizou algumas edições em lugares diferentes como fábricas desativadas, ferro velho, hospital psiquiátrico, frigorífico e vários outros.   

Portal B2B: Quando você decidiu começar a tocar música eletrônica? 

Max: Nessa mesma época, fui em um evento do Anderson Noise e, nesse dia, estava tocando Laurent Garnier, um DJ francês, e o cara foi absurdo. Foi a primeira vez que vi um CDJ 100s na minha vida, e, a partir disso, decidi que queria ser DJ e comecei a correr atrás. Peguei uns CDs da minha irmã e, no meu aniversário, em abril de 1999, organizei uma festa bem underground, num porão de um prédio no centro da cidade, e toquei pela primeira vez. A partir daí comecei a organizar vários eventos em Belo Horizonte e eu sempre tocava nessas festas.  

Portal B2B: E quais eram as maiores dificuldades quando você começou a tocar? 

Max: Cara, eram muitas. Naquela época as festas não tinham uma segmentação como é atualmente, isso só foi começar de 2001 pra frente. Antigamente, na mesma festa, tinham DJs de Techno, de Drum and Bass, de Break, tudo no mesmo rolê. Além disso, nessa época, conseguir músicas novas pra tocar era uma coisa muito difícil. Era muito comum ligarmos para lojas de vinyl em São Paulo e, durante a ligação, o vendedor colocava as músicas no telefone e ia passando para as próximas pra ver se curtíamos ou não o som. Nesse processo, já aconteceu várias vezes de o vendedor ir atender outro cliente e deixar a gente esperando um tempão no telefone . A ligação e o Sedex, às vezes, custavam muito mais do que o próprio vinyl, que vinha com 4, 5 músicas.

Portal B2B: Você já rodou o Brasil, tocou nos maiores festivais do país inúmeras vezes. Quando foi a primeira vez que você tocou numa festa de grande porte? 

Max: De 2001 a 2005, mais ou menos, eu fiquei tocando apenas em festas da região, nesses lugares inusitados, etc. Com o tempo, fui conhecendo as pessoas que eram responsáveis por fazer a cena acontecer, como o Ciano, que é um dos precursores do Psytrance em Belo Horizonte, o Otacílio, que era uma das pessoas que estavam à frente da Trance Movement, e várias outras. Nesse período, eu trabalhava na “Freak” que era uma loja especializada em artigos e roupas do mundo do Psytrance, e lá era a maior conexão que existia para vendas de ingressos, produção de flyers, e várias outras coisas. Por conta disso, acabei me conectando com muita gente e adentrando ainda mais na cena eletrônica. Daí, numa festa do Otacílio, na Cachoeira Alta, um DJ faltou e, como eu já havia mostrado um set meu para ele, ele perguntou se eu havia levado meu material e pediu para eu tocar. Eu toquei, a galera curtiu bastante, a pista explodiu e, a partir dali, as coisas começaram a acontecer muito rápido. De 2005 pra frente, passei a tocar em grandes festivais como a XXXPerience, a Tribe, o Universo Paralello e comecei a conhecer muitos lugares graças à música eletrônica.  

Portal B2B: A música eletrônica já te levou pra conhecer o mundo. Conta um pouco sobre essa experiência, qual foi a Gig ou o lugar que mais te surpreendeu? 

Max: Cara, graças à música eletrônica, eu conheci 10 países, sem contar as inúmeras cidades que já visitei no Brasil. Acho que Bali foi o pico mais surpreendente que eu fui, na Indonésia. A cultura do lugar é completamente diferente, a vibe da galera era muito boa. Na festa que fui tocar, vi pessoas do mundo inteiro e o ambiente era surreal. 

Além da sua bagagem como DJ e produtor de eventos, Max Grillo aventurou-se por outros ramos dentro do universo da música eletrônica. O artista, ao lado de Vitor Falabella, é um dos fundadores de uma das maiores agências de DJ do mundo, a Season Bookings, que desde 2009 representa um casting expressivo de artistas como NeelixTalpaVegasFabio FuscoMorten Granau e muitos outros.  

Como se tudo isso ainda fosse pouco, Max Grillo também é um dos fundadores da Naipe Records, ao lado de Tamar Sabadini. Parceiros de longa data, decidiram juntos apostar suas fichas na nova geração e abriram a gravadora em abril de 2021. 

Portal B2B: Como surgiu a ideia da Season Bookings?  

Max: A cena eletrônica de Belo Horizonte em 2007 era uma das cenas mais fortes do Brasil. Tínhamos muitos clubs importantes na cidade, como o Deputamadre, festivais do mundo inteiro acontecendo aqui, como o Creamfields, artistas gigantes vindo para esses clubs e festivais, como o Tiesto, o Deadmau5, e muitos outros. Nessa época, eu era residente de um club de eletrônica que se chamava Label, e lá eu era responsável por fazer a curadoria dos artistas. Nessa função, acabei conhecendo muitos artistas do mundo inteiro e me conectando com eles. Sempre que voltavam ao Brasil, eles entravam em contato comigo, perguntando se havia algum evento acontecendo e, caso tivesse, se eu fechasse a festa pra eles, recebia uma porcentagem do cachê. Nessa mesma época, mais ou menos, o Vitor Falabella realizava essas mesmas funções em festas que ele organizava e que era sócio e acabava criando também muitas conexões com esses artistas. Em 2009, o Falabella e eu vimos a oportunidade, juntamos nossas forças e decidimos criar a Season Bookings, pra continuar fazendo esse trabalho de forma mais profissional.  

Portal B2B: E quais são as principais funções de uma agência nessa relação com os artistas? 

Max: Muita gente confunde as funções de uma agência. Muito artista acha que a agência vai ser a solução da vida dele. A agência tem a função de administrar e de dar um suporte ao artista. Suporte jurídico, logístico e organizacional. A principal tarefa de uma agência de DJs é a de vender o show dos seus artistas para os contratantes, o booking. As pessoas tendem a confundir o trabalho de uma agência com o trabalho de Management. O manager tem um trabalho empresarial a parte, ele vai ajudar a cuidar da carreira inteira do artista: de rede sociais, posicionamentos online, lançamentos musicais, presskit, release, etc. A agência é uma prestadora de serviços para artistas que estão com uma demanda muito alta e, portanto, não possuem tempo para lidar com questões logísticas e burocráticas que exigem muito tempo.  

Portal B2B: Durante a pandemia, no início de 2021, a Naipe Records surgiu no mercado dando oportunidade para novos artistas. Conta um pouco sobre como surgiu a label. 

Max: Conversando com o Tamar Sabadini, que já tinha experiência com uma outra gravadora, decidimos juntos criar a Naipe. Nessa conversa, nós pensamos que existe um mercado e muitos artistas querendo lançar novas músicas e acabam não conseguindo. A partir daí, surgiu a ideia da Naipe Records, que tem uma proposta de apostar em novos talentos, coisa que eu sempre fiz desde o início da minha carreira e quero continuar fazendo. Nós não temos rótulos, lançamos tracks que consideramos boas, independente da vertente e, futuramente, temos a pretensão de fazermos algumas label parties com os artistas que já lançaram com a gente.  

Portal B2B: Você é um artista que já teve grandes experiências e vivenciou muita coisa graças à música eletrônica. Atualmente, quais são suas principais motivações para continuar nesse mundo? 

Max: Desde muito novo, minha vontade de levar a música eletrônica para as pessoas sempre foi muito grande. A cena eletrônica pra mim é um estilo de vida, que eu vivo 24 horas por dia. O que me faz viver e trabalhar por isso é manter essa cena viva e a essência da música eletrônica, a real cultura. Então, a minha luta e a minha maior motivação é tentar passar para as pessoas o que eu já experienciei ao redor do mundo para que elas tenham também ótimas experiências.  

Portal B2B: Max, muito obrigado pelo papo! Agora o espaço é todo seu, deixa uma mensagem para as pessoas que, como a gente, amam a música eletrônica! 

Max: Acreditem mais em vocês! Acreditem no que vocês consideram ser bom para vocês. Não comparem sua trajetória com a trajetória das outras pessoas, cada um tem uma história. Siga sempre o que for melhor pra você e o mais importante: tenham paciência. Se tiver que acontecer vai acontecer, mas corram sempre atrás dos seus objetivos, trabalhem bastante que, se você for uma boa pessoa e fizer boas coisas, coisas boas vão acontecer com você! 

Essa foi a história de um dos artistas

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